quarta-feira, 27 de maio de 2009

Cinto de segurança não é enfeite, galera!


Já recebi a escala do mês seguinte. São João vou passar voando! Dançando quadrilha com os cliente: "olha isso aqui ta mt bão, isso aqui tá bão demááis! Quem tá fora quer entrar mas quem tá dentro não sai..." Não sai MESMO! Rs...
Esses dias fiz muito bate e volta Salvador e tem sido vôos difíceis. Não é que eu não goste de fazer, eu gosto de desafios. Mas entendo que a proposta de trazer pessoas que costumam viajar de ônibus para o avião traz um pouco dessas complicações no vôo. Quero falar de um assunto que vem me irritando nos vôos que faço, especialmente para o Nordeste (e este Post não tem de maneira alguma o caráter descriminatório ou preconceituoso até porque sou baiana e nordestina). É fato, algumas pessoas precisam ser EDUCADAS. Esta não é minha função à bordo, obviamente. Minha função é garantir a SEGURANÇA do vôo. Gente, o serviço de bordo é uma CORTESIA da empresa. Eles fazem o serviço de bordo para que você se sinta bem naquele ambiente onde o seu corpo muda, sua respiração é diferente porque o ar é diferente, onde você tem tantos artigos perigosos: combustível, computadores, materiais energizados, enfim... Isso não quer dizer que o avião é o pior lugar do mundo! rrsrss... para mim, de fato, é um ambiente iluminado! Apesar de ser uma cápsula de oxigênio comprimido! rs. Mas o fato é que as pessoas não entendem toda a logística que faz um avião decolar e pousar e tudo o que está comprometido com estes procedimentos e, assim, não respeitam estes momentos do vôo tão significantes. Na verdade, cruciais!
O sinal de apertar cintos existe e não é por acaso. Existem diversos tipos de turbulência e entre elas a de CÉU CLARO! Esta turbulência é perigosa e frequente. Se o sinal de atar cintos for aceso pela cabine de comando mesmo que o céu esteja limpo e a aeronave não esteja nem sequer dançando um forrózinho, SENTE-SE! Isso vale PRINCIPALMENTE para a tripulação. Se você é um cliente, mantenha-se sentado e com o cinto afivelado durante o vôo, mesmo que não esteja ligado o sinal de atar o cinto! Não custa nada, lugar de passear é o aeroporto.
Claro que não estou dizendo tudo isso porque sou chatona e gosto de me amostrar. Acontece que nos vôos as pessoas não obedecem este sinal NEM NO POUSO! Passamos por um pouso difícil (é claro que deve ser corriqueiro para o nosso experiente Comandante). Todos devem ter conhecimento de que em Salvador está chovendo esses dias. Uma chuva torrencial atípica e por este motivo diversas vezes o aeroporto esteve fechado e alguns vôos de diversas companhias alternaram para outro destino. A nossa aeronave tem equipamentos que auxiliam o pouso em situações de pouca visibilidade e pista curta (não é o caso da de Salvador), além de ter o sistema Fly-by-wire, fios de fibra óptica que reduzem o peso da aeronave, aumenta a eficiência e diminui o consumo de combustível. Aliada a esta tecnologia de ponta (e brasileira) tínhamos a experiência do Comandante e do nosso Co-piloto. Não é o caso de desafiar a natureza mas, autorizados por ela, pousamos em Salvador numa chuva terrível.
Durante todo vôo, solicitei através do sistema de fonia que os clientes se mantivessem "sentados com os cintos confortavelmente afivelados até o que os sinais de atar cintos se apaguem, esta medida visa a sua segurança". Não adiantava. Inclusive, depois de muitos clientes perabulando pelo corredor em direção aos banheiros ou somente para pegar as bagagens, a situação de desobediência foi passada para o Comandante, que alertou aos clientes o motivo pelo qual o sinal estava aceso, e ainda assim, NA HORA DO POUSO, tinha gente levantando para olhar a janela e mães deixando seus filhos pequenos soltos no corredor. Uma colega minha mais experiente (dez ano de experiência) me disse que a minha parte eu tinha feito, agora se houvesse uma consequência arcaríamos com ela cuidando de algum dano que uma possível turbulência causásse em algum passageiro.
Foi noticiado recentemente uma turbulência ocorrida com uma aeronave de uma companhia em procedimento de pouso no Aeroporto Internacional de Guarulhos. 21 passageiros ficaram feridos. 2 deles estão passando por cirurgia devido à fraturas. Eis o relato de um dos passageiros "Vi copos, livros, jornais voando. Vi muita gente caída no chão, gritando de susto e de dor, vomitando", diz o advogado Manoel Viana Neto, de 29 anos. "A passageira ao meu lado estava com o cinto folgado e ficou com a cabeça sangrando de tanto bater no maleiro. Ouvi o piloto dizer que nunca tinha passado por isso. Foi assustador e, sem dúvida, a minha pior viagem de avião."
Será que agora as pessoas respeitarão o sinal de atar cintos?

Nosso pouso em Salvador foi um sucesso com turbulência LEVE, mas vi muitos clientes agarrados às poltronas com medo. Já em solo, uma salva de palmas dos clientes para os nossos pilotos.

E eis a minha escala para quem quiser saber da minha vida esse mês! hahaha... Me liguem nas folgas! Beijo!
PS: é, dia 04 eu tenho médico! hhahahaha

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